Estereotipias e Ecolalia
Aqui, falaremos sobre Estereotipias, movimentos repetitivos e automáticos, que geralmente servem para autorregular ou aliviar a ansiedade e Ecolalia, repetição de falas ou frases ouvidas usada como forma de comunicação ou para autoestimulação.
ORIENTACOES PARA PAIS
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Estereotipias e Ecolalia no TEA
As estereotipias e a ecolalia são manifestações comportamentais comuns no Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ambas representam formas de processamento e expressão que, quando compreendidas, são cruciais para o manejo e a comunicação.
1. O que são e Por que Acontecem
Estereotipias (Stimming)
O que são: São comportamentos motores repetitivos e padronizados, aparentemente sem função social. Exemplos incluem balançar o corpo, agitar as mãos (flapping), girar objetos, ou emitir sons repetitivos.
Por que acontecem: A função primária é a autorregulação sensorial. A estereotipia pode ser:
Autocalmante (Redução de Estímulo): Ocorre em momentos de ansiedade, medo ou sobrecarga sensorial (muito barulho, luz). O movimento familiar e previsível ajuda a acalmar o sistema nervoso.
Autoestimulante (Aumento de Estímulo): Ocorre em momentos de tédio ou em ambientes com pouca estimulação. O movimento gera o input sensorial que o corpo está buscando.
Ecolalia
O que é: É a repetição de falas, frases ou sons ouvidos.
Por que acontece:
Comunicação: É uma forma de processar a linguagem, responder a uma pergunta (repetindo a pergunta) ou pedir algo.
Regulação: Ajuda a pessoa a processar o que está ouvindo ou a manter a atenção.
Autoestimulação: O som e o ritmo da repetição podem ser reconfortantes.
2. Quando são Funcionais e Quando Interferem
Manifestação: Estereotipia
Funcional (Aceitável): Ocorre brevemente para gerenciar estresse (ex: flapping leve antes de uma apresentação) ou quando não impede a participação (ex: balançar-se enquanto lê).
Interferente (Requer Redirecionamento): Torna-se autolesiva (bater a cabeça, morder) ou impede a participação na atividade, no aprendizado ou na interação social.
Manifestação: Ecolalia
Funcional (Aceitável): Usada como forma de input para responder (ex: repete "Quer água?" e aponta para a água, significando "Sim, quero água").
Interferente (Requer Redirecionamento): Quando é excessiva a ponto de bloquear a comunicação intencional ou quando a repetição é tão alta que perturba o ambiente.
3. Como Redirecionar Sem Suprimir Estereotipias
O objetivo nunca é suprimir o comportamento de autorregulação, pois ele tem uma função vital. O objetivo é substituir por um comportamento mais socialmente aceito ou funcional, mantendo a função original.
Identifique a Função: Use o diário comportamental (A-B-C) para entender o porquê está acontecendo (sobrecarga ou tédio?).
Modifique o Ambiente: Se for sobrecarga, reduza o barulho (fones), a luz (óculos) ou a demanda.
Ofereça Substitutos (Replacement Behaviors):
Se a pessoa balança as mãos (flapping), ofereça um brinquedo sensorial (fidget toy), uma bola de apertar ou uma pulseira sensorial.
Se a pessoa busca pressão profunda (aperto), ofereça um colete ou cobertor com peso.
Redirecione Suavemente: Interrompa a estereotipia convidando a pessoa para uma atividade diferente que use a mesma via sensorial. Ex: se ela agita as mãos, peça para segurar algo que exige as duas mãos (e que goste).
4. Ecolalia Imediata e Tardia: Como Transformar em Comunicação Útil
A ecolalia é uma evidência de que a pessoa está processando linguagem; a tarefa é transformá-la de repetição para expressão própria.
Ecolalia Imediata (Repete logo após ouvir)
A pessoa repete a pergunta porque tem dificuldade em processar a pergunta e formular a resposta ao mesmo tempo.
Técnica de Modeling (Modelagem): Em vez de fazer uma pergunta, dê a resposta imediatamente após.
Em vez de: "Você quer banana?" (e esperar)
Tente: "Eu quero banana. Você diz: Eu quero banana."
A criança repete a frase com função de pedido. Gradualmente, diminua o prompt (a ajuda) até que a criança consiga formular a frase sozinha.
Ecolalia Tardia (Repete frases ouvidas horas ou dias atrás)
A repetição tem função, frequentemente ligada ao contexto original da frase.
Identifique o Significado: Tente entender o que a frase está comunicando. Ex: Se a criança repete "Precisamos ir agora!" (frase ouvida da mãe antes de um passeio ao parque), ela pode estar comunicando que quer ir ao parque ou que está ansiosa com o tempo.
Expanda a Comunicação: Use a frase como ponto de partida para a conversação.
Se a criança diz: "Ao infinito e além!" (do filme Toy Story)
Tente responder: "Sim, ao infinito! Você quer assistir Toy Story? É a hora do filme?" (Isso a ajuda a associar a frase a um pedido ou desejo claro).
Acolha a comunicação e a use para ensinar a frase funcional mais apropriada.